Pacote de benefícios reacende debate sobre privilégios, gastos públicos e a responsabilidade ética dos legisladores municipais.
O que foi aprovado?
A Câmara Municipal de Nova Odessa aprovou de forma oficial, com o auxílio do Ato da Mesa nº 02/2025, o pagamento de férias de 30 dias com adicional de 1/3 e o 13º salário proporcional para os vereadores da cidade. Os valores serão pagos nos moldes aplicados aos servidores efetivos do Legislativo e já passam a valer a começar deste mês.
A decisão foi assinada através do presidente da Câmara, vereador Oséias Jorge, e se fundamenta em jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e em modificação da Lei Orgânica Municipal, aprovada em 2024. Ou seja, do ponto de vista jurídico, a medida é legal.
Legalidade: o que diz o STF?
A concessão de férias e 13º salário para vereadores tem sido respaldada através do STF desde 2017, quando a Corte reconheceu a possibilidade de pagamento desses benefícios, desde que haja:
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Previsão na Lei Orgânica Municipal;
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Compatibilidade com os princípios da gestão pública;
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Orçamento do Poder Legislativo que comporte os pagamentos.
Por isso, juridicamente, a Câmara de Nova Odessa fica amparada legalmente ao aprovar os novos benefícios.
Mas… é moral?
Se a legalidade é clara, a moralidade é questionável.
A medida chega em meio a um cenário de clamor por austeridade, controle de despesas e ética pública. O país inteiro debate cortes, melhoria na gestão e responsabilidade social. Em Nova Odessa, como em tantas cidades brasileiras, existe demandas urgentes por melhorias em saúde, transporte, moradia e educação.
Neste contexto, ampliar os benefícios dos vereadores, que já contam com dois recessos legislativos extensos (julho e de 15 de dezembro a 1º de fevereiro), soa como desconexão com a realidade do povo. O gesto pode ser legal, mas é eticamente defensável aumentar seus próprios ganhos enquanto se exige sacrifício do cidadão comum?
Recesso + benefícios = tempo demais fora do plenário?
O aumento de benefícios ocorre sobre uma estrutura já perguntada. Os parlamentares de Nova Odessa têm:
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Recesso de 1º a 31 de julho
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Recesso de 15 de dezembro a 1º de fevereiro
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E, desde 2023, uma antecipação descontraído do encerramento do semestre legislativo para junho, ampliando o momento fora do plenário.
A adição de férias remuneradas com adicional de 1/3 e 13º salário torna o pacote ainda mais robusto, alimentando a percepção de que existe excesso de vantagens em uma função que necessitaria priorizar o serviço público.
Aumento de cadeiras: mais impacto fiscal à frente
A aprovação dos benefícios veio poucos dias depois de outro anúncio controverso: a ampliação do número de cadeiras na Câmara de 9 para 11 a começar de 2025.
O argumento oficial é o de “melhor representatividade”, mas a mudança inevitavelmente resultará em mais gastos com salários, estrutura e assessorias parlamentares. Em um momento onde cada centavo público fica sob escrutínio, a decisão gera desconforto na população e entre chefias regionais.
Esclarecimento: os gastos da Câmara NÃO afetam saúde e educação
Muitos cidadãos — por falta de informação ou por má-fé de figuras políticas — perguntam se o aumento dos custos da Câmara afeta regiões como saúde, educação e assistência social.
A resposta é não.
A estrutura econômica das cidades brasileiros continua regras constitucionais de repartição de receitas. A Lei de Responsabilidade Fiscal e a Constituição Federal definem:
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Um percentual fixo da receita da cidade é destinado ao Legislativo Municipal;
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Esse valor não pode ser transferido para o Executivo, nem vice-versa;
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A saúde e educação têm percentuais próprios de investimento obrigatório, como mínimo de 15% e 25%, consecutivamente.
Ou seja, os recursos da Câmara são independentes dos serviços prestados através da Prefeitura. Questionar se “o dinheiro das férias dos vereadores podia ir para o hospital” é economicamente equivocado — o erro fica em como o Legislativo escolhe utilizar seu próprio orçamento.
O papel dos vereadores: comprometimento com o bem comum ou com os próprios bolsos?
O vereador Oséias Jorge, atual presidente da Câmara, afirmou que o ato “visa equiparar os direitos dos parlamentares aos dos servidores efetivos”, e defendeu que a medida fica “dentro da legalidade e da responsabilidade fiscal”.
Contudo, vale lembrar que o próprio Oséias votou contra o mesmo projeto em sua gestão anterior como vereador. Essa mudança de postura levantou críticas sobre coerência política e comprometimento com os interesses públicos.
Reflexos políticos e regionais
A medida aprovada em Nova Odessa pode reverberar em outras cidades da área, como Sumaré, Hortolândia, Americana e Paulínia, onde o debate sobre redução de privilégios e racionalização dos gastos públicos tem crescido.
Enquanto isso, movimentos sociais e entidades da sociedade civil continuam pressionando por transparência, eficiência e ética na política.
Conclusão
A aprovação de férias e 13º salário para vereadores é legal, mas não necessariamente justa. O desafio da política moderna é ir além do mínimo legal e alcançar o máximo ético.
O povo espera mais do que legalidade — espera exemplo, sensibilidade e responsabilidade com o dinheiro público. A imagem do legislativo local fica em jogo, e as urnas são o lugar onde esse julgamento será selado.
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🔴 Câmara de Nova Odessa aprova férias e 13º para vereadores: LEGAL, mas é MORAL? .
Com informações de Auge1

