No dia 04 de abril, perdemos o Mestre do Horror Nacional, também considerado o papa da Pulp Fiction no Brasil, Rubens Francisco Lucchetti.
Lucchetti nasceu em Santa Rita do Passa Quatro em 29 de janeiro de 1930, mas mudou-se com a família para a cidade de São Paulo. Seu interesse pela escrita surgiu por causa das histórias em quadrinhos. Seu pai costumava comprar a revista O Tico-Tico e Rubens ficava olhando os desenhos, ávido para saber o que estava escrito, O Tico-Tico foi a primeira e mais importante revista voltada ao público infantojuvenil no Brasil.
Sua maior influência foi o escritor estadunidense Edgar Allan Poe, os primeiros contos que ele leu do autor foram O Gato Preto e O Coração Revelador, aos 11 anos de idade. Influenciado por essa leitura, escreveu seu primeiro texto publicado, A Única Testemunha. O texto fora publicado no tabloide O Lapiano, em 31 de outubro de 1942, publicação semanal da Lapa em São Paulo. Contudo, um dos livros que mais o impressionou foi O Médico e O Monstro do escritor escocês Robert Louis Stevenson.
O Mestre do Horror também se inspirou no cinema para escrever suas histórias. O livro O Museu dos Horrores é inspirado no filme Abbott e Costello encontram Frankenstein (1948), estrelado pelos atores Bud Abbott, Lou Costello, Lon Chaney Jr., Bela Lugosi, com participação de Vincent Price.
Por falar em cinema, Lucchetti colaborou como roteirista em filmes de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e Ivan Cardoso. O primeiro filme que roteirizou para José Mojica foi O Estranho Mundo de Zé do Caixão. Lucchetti foi premiado no Festival de Gramado, em 1982, com o Kikito de Melhor Roteiro pelo filme O Segredo da Múmia, dirigido por Ivan Cardoso.
Rubens também escreveu biografias, além de sua autobiografia através da série Reminiscências pela editorial Corvo, roteirizou a biografia em quadrinhos de Edgar Allan Poe, ilustrada por Eduardo Schloesser, pela editora Sebo Clepsidra, roteirizou também a biografia autorizada em quadrinhos do apresentador Silvio Santos, ilustrada por Sérgio M. Lima. Lucchetti também teve sua biografia escrita pelo pesquisador e jornalista Nobu Chinen, Os Três Mundos de R. F. Lucchetti, publicada pela editora Criativo.
Dentro de sua vasta obra, Lucchetti possui uma muito conhecida dos estudantes brasileiros, O Fantasma do Tio William, da coleção Vaga-lume. Coleção lançada em 1973 pela editora Ática com o objetivo de promover o interesse pela leitura do público infantojuvenil.
Destacam-se também o livro de contos Noite Diabólica, ilustrado por Jayme Cortez e Fantasmagorias, ilustrado por Emir Ribeiro e finalista do Prêmio Jabuti de 2014, na categoria Ilustração.
No entanto, o livro do qual Lucchetti mais se orgulhava de ter escrito, nunca fora publicado na íntegra. Trata-se do livro Música Secreta, composto por poemas em prosa, tendo sido publicado apenas um excerto em 1952. Os poemas foram publicados originalmente no jornal Diário da Manhã, de Ribeirão Preto, todos dedicados à sua esposa Tereza.
Rubens Francisco Lucchetti ou R. F. Lucchetti foi um dos mais importantes escritores brasileiros no gênero de terror, abrindo portas e influenciando uma série de escritores. Sua obra merece e precisa ser conhecida pelas novas gerações de leitores.
Camila Kaihatsu – escritora, poeta e antologista
Esse texto é um artigo assinado pela autora e não reflete, necessariamente, a opinião do grupo T25.